Sofia

Ela teme.
Se perdeu em um nevoeiro em que criou.Seu coração partido sangra.Trancada em seu quarto sujo de solidão,não acende mais a luz.Há dias que não vê o sol.Com os olhos vendados ela teme enxergar a verdade que está na sua frente.
Em cada canto de seu quarto seu grito de dor ecoa,mas sua voz há dias não é ouvida.Sobre ela há um véu que a impede de ver gotas de luz que insistem em entrar pelas fretas da janela.Sussurra,suspira,chora cantos de dor que perfumam o ambiente.Em seu rosto pálido e limpo por lágrimas sente tocar uma fria brisa,que entra em contraste com o fogo insano que queima por dentro,alma enfebrecida.Menina amedrontada,sepultada em seu medo.
Pensava em morte nos momentos de tristeza.Mas havia um secreto temor,um doce drama que a impedia de viver, a impedia de morrer.Viva sepultada em morte,morta pertencendo à vida.
Enquanto vive presa ao seu medo,sua alma e seu coração estarão em chamas.Quando morrer a essência de seu mistério também morrerá.Seu coração estará livre erros,sua alma livre dormirá sorrindo eternamente e seus erros florescerão como risos de esperança.