segunda-feira, 23 de fevereiro de 2009

The Secret Garden


Procurando entre palavras, algo que eu conhecia, em uma porta encontrei um jardim secreto.
Discreto, lindo, rico, um jardim secreto onde flores e palavras brotavam em um canteiro pessoal.
Palavras muitas vezes confortantes, flores multicoloridas que só a imaginação é capaz de criar.
Sentei ao lado desse canteiro, era misterioso, e eu sem medo, e com uma inexplicável vontade de me aventurar nesse jardim, quis desvendar os mistérios desse Canteiro Pessoal. Não há como explicar o que cada flor, cada palavra, cada cor me fazia sentir. Olhei uma flor e fiquei intrigada, parecia solitária, mas as palavras que ela exalava eram alegres, como se o fato de ela estar ali um pouco mais adiante das outras, fizesse com que ela observasse os riscos e as vantagens da solidão e na solidão ela devorava a si mesma, conhecendo lados que não conhecia, transformando suas palavras nas mais puras palavras daquele canteiro, palavras do fundo do coração, cores da alma.
- Quem será o jardineiro? Quem será a pessoa do coração puro que faz florescer as mais doces palavras, a flores de cores nunca vistas?
Era um anjo. Anjo que nunca vi, mas poderia sua presença ali, forte e suave, de alma pura, coração cheio de amor. Havia algo nele, e naquele lugar que me faz sentir em casa. Mas é a hora de ir. Indo vou levando comigo um pouco de vida desse Canteiro Pessoal, para o meu singelo jardim que está apenas começando a florescer.

sábado, 14 de fevereiro de 2009

A Pipa

Nosso amor era uma pipa no céu. Céu claro, limpo sem nuvens, vento sempre a favor, lá no alto, inatingível. Daqui de baixo ficamos cuidando, cuidando de nós mesmos, sem ligar para ela lá em cima. Nos distraímos com sonhos, gozos, fantasias, sentimentos, que não sabíamos o que eram. Erramos, imaturos (confesso que ainda sou). Nos distraímos, narcizistamente. Nos distraímos um procurando no olhar do outro, aquilo que idealizamos, aquilo que fantasiamos que existia. Lá, bem alto; aqui, tão oco.
Sorrisos eram vistos, juras foram trocadas, inexperientes não sabíamos que se da nossa parte era eram verdadeiras. De vez em quando sem muita atenção olhávamos lá pro alto, mas logo virávamos chamados por coisas banais.
Mãos acariciavam um ao outro idealizando um par perfeito. Mentes ao mesmo tempo procuravam outro, não queríamos nós mesmos. Tínhamos um ao outro como refúgio simplesmente, não aquele refúgio como quando há amor, uma rota de fuga.
Nas noites frias tínhamos um ao outra para esquentar o corpo. Mas a pipa lá no alto, ou o coração aqui dentro, continuava com frio. Juntos somente por prazer? Creio que não era, era mais que um toque. Imaturos não sabíamos identificar, não sabíamos o significado daqueles sentimentos, éramos crianças mas mesmo agora mulher, ainda não sei ao certo o que era. Será que continuo imatura?
Inatingível. Tão inatingível que nós mesmos, creio que desistimos de tentar atingir, ou de renovar aquele sentimento, lindo-oco-desconhecido. O tempo ia passando, sol, chuva, chuva, vento, frio, a natureza. Ah a natureza, esquecemos dela, esquecemos do amor, da pipa, acho que esquecemos de nós mesmos, tão preocupados com nós, que esquecemos de nós. Risos, lágrimas, palavras, olhares, tudo levantou vôo com a pipa. Pipa, que pipa? Quando nos demos conta, quando lembramos de cuidar dela, ela não estava mais lá. Talvez foi o vento que a levou ou ela se desmanchou com as forças da natureza, ou até nós mesmos, cegos por uma cegueira desconhecida, fomos lá e cortamos a linha e deixamos ela livre. Não sabemos ao certo o que foi, só sabemos que a culpa foi nossa, sabemos que nós, nos deixamos livres para amar novamente.